Apresentação em plena terça-feira à noite. O frio na barriga agora tem outro motivo: será que terá público?
Uma das atrizes (Thuane Campos) ainda está na estrada. E se não der tempo de chegar? Quem vai substitui-la?
Talvez tenha um pai no lugar da mãe. A ansiedade vai aumentando.
E nessa ansiedade, aproveitando o camarim com suas luzes no espelho! Aquele tipo de camarim que todo artista gosta e merece.
Canção no camarim.
Passagem de luz com nosso querido Diego Mello.
E chega a Nalva, chega Fernanda e Camila...e ela? Cadê Thuane, onde está?
Em plena terça, coração na mão?!
- Será que vem muita gente?
Testas franzidas.
A espera dela e do público.
Todo mundo no palco pra aquecer.
Enquanto isso. Diogenes em busca da Thuane na estação!!
Sete quinze... Sete vinte.....
Aí aí.....
Cada barulhinho feito pela porta, todo mundo olhava:
- Será que é ela?
- Ainda não.
- Si... Fu... Xi... Pá
- Agora é ela...
- Não... Não é...
Sete meia... Sete quarenta...
- Tem muita gente lá fora?
- Gente... Cadê a Thuane?
Todos no camarim. E nada dela, meu Deus. Até que lá no fundo do corredor às sete e cinquenta e cinco... Chega ela correndo:
- Aqui aqui. Cheguei.
- Senta aqui. Vou fazer sua trança!
- Tô com fome!
- Alguém pega uma maçã pra ela!!
Uma faz a trança, a outra a maqueia e o outro entrega a maçã e ela diz:
- Tô me sentindo diva!
- Bora gente fazer a Reza!!!
Cinco minutos todo mundo no palco!
"Sou alegre, perfeito e forte. Eu tenho fé e muita sorte!"
E o pensamento:
- Será que o público chegou?
Não vamos começar no palco. Vamos pra fora entrar junto com o público. E quantas pessoas estão lá fora?
A procura por Orfeu se inicia.
Elenco misturado com o grande público (sim tinha muitas pessoas lá fora a espera)
Ei, você viu o Orfeu?
Parece que ninguém por aqui sabe onde ele está.
Abre-se as portas. Toca a terceira campainha.
O público preenche quase todas as cadeiras do teatro.
A gente é surpreendido pela quantidade de jovens presentes. Sorriso no rosto.
Emoção. Empolgação!!!
Foco! Ali está nosso Jorge Alves, "Abre peça", iluminado de luz e da sua própria luz grita o seu Bordão "Orfeeeeeeeeeuuuu". A bumba toca e de um por um, cada personagem pisa no palco! Canção começa e surpreendidos de novo! Aplaudidos na primeira música!!!
A peça continua. Risos veem da plateia o tempo todo. Momentos de tensão nas falas de Aristeu.
Eram silêncios, risos, olhos atentos o tempo todo.
- Eu não toquei o pandeiro!!!
- Mas nós ouvimos, não ouvimos?!
Plateia:
- Sim!!!
Plateia cruel e totalmente envolvida na história.
Textos finais, última música. Nós ali cantantes e vibrantes! Mãos dadas, jogadas ao ar e o som dos aplausos.
Era energia pura, sorrisos sinceros de satisfação do elenco e da plateia.
Hora do debate.
Muitas mãos levantadas, querendo perguntar.
E nós ali preparados pra responder.
De jovem para jovem, perguntas e respostas.
As perguntas eram sérias. Público de teatro curiosos sobre questões tecnicas.
Agradecimento, reflexão, luz e voz.
E o choque:
- Como assim essas duas meninas escreveram essa peça em um mês?!
- Nem eu acreditei ao lembrar disso de novo, diz Andreza em sua mente!
O jovem tem potência.
Tem que saber e ter curiosidade.
E curiosidade do saber!
E ela se manifesta:
- Gente, eu tenho que ir, moro lá em vargem grande!
Nossa mini dramaturga se levanta timidamente e é aplaudida ao sair. Um sinal de "Vai com cuidado".
Continuado debate fomos todos aplaudidos e sentimos o agradecer da plateia. Com aquela energia, parecia reestréia! Nós ali no camarim ainda de coração na mão de comentários:
- Gente hoje deu tudo certo!!
- Fomos aplaudidos na primeira música!!!!
Arrumada as coisas, hora de seguir a pé, com a peça debaixo do braço!
Todos tão exaltos, mas a felicidade era maior. Preenchia qualquer dor de cabeça!
Ao chegar em casa, dormir de corpo cansado e de maquiagem na cara! Mas de sorriso no rosto!
E acordar no dia seguinte ainda com a trança no cabelo e a sensação de missão cumprida!
Andreza Rodrigues e Thuane Campos