sábado, 23 de novembro de 2013

Crítica do espetáculo "Das ruas, um Orfeu de mochila" - Satyrianas

Apresentamos no evento Satyrianas - Uma saudação a primavera no dia  17 de Novembro, e recebemos a critica de um dos satyrianos. Veja abaixo:

Os mitos vêm, invadem e não pedem permissão para lembrar o quão fundamentais são, muito mais que apenas atuais, na nossa história. “Das Ruas, Um Orfeu de Mochila” se apresentou na Praça e tinha um ritmo O grupo se apoia na narrativa épica e acrescenta canções e os dramas dos próprios atores, jovens entre 16 e 36 anos. Além de integrar a rotina de comunicação, celulares e tecnologia, a peça reflete sobre a condição dos relacionamentos amorosos e joga com segurança na história de Orfeu. No entanto, tudo isso é pano de fundo para algo mais profundo. A montagem traz uma discussão sobre a posição dos centros das grandes cidades como ícone de negócios e, principalmente, cultural. Orfeu se apaixona por Eurídice, que mora do outro lado da estação de trem. A força que impulsiona Orfeu deixa claro que é preciso mais que amor para se transitar como cidadão no caos urbano. O amor, então, fere a rotina do calmo vilarejo e seus moradores reivindicam que tudo volte ao normal. A crítica aqui não parece ser, de forma alguma, da inverdade de que os centros detém do “progresso cultural” e os moradores da periferia precisam se deslocar para consumir cultura. O ponto relevante é como se dá esse movimento. No caminho para essa ideia, o grupo aposta em canções ao vivo, as letras parecem de autoria do coletivo e ao acompanhamento de violão, tambores e pandeiros. Ressalto um investimento tanto na execução dos instrumentos musicais e na voz. Representar em espaços públicos conta com o imprevisto de sons que entopem a cena (ainda que seja comum dialogar com o ambiente e aproveitar-se desses mesmos “imprevistos”, a questão não é essa), me refiro intensificar os estudos nos instrumentos e voz, afinação e execução. Por fim, perceber que existe unidade na montagem e que o grupo se divertiu.
que já era possível identificar: Eles não são da cidade. E é o que a narrativa explora, uma releitura do mito de Orfeu em diálogo com a dinâmica urbana de centro/periferia.

Por Leandro Nunes

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