Apresentamos no evento Satyrianas - Uma saudação a primavera no dia 17 de Novembro, e recebemos a critica de um dos satyrianos. Veja abaixo:
Os mitos vêm, invadem e não pedem permissão para lembrar o quão
fundamentais são, muito mais que apenas atuais, na nossa história. “Das
Ruas, Um Orfeu de Mochila” se apresentou na Praça e tinha um ritmo O
grupo se apoia na narrativa épica e acrescenta canções e os dramas dos
próprios atores, jovens entre 16 e 36 anos. Além de integrar a rotina de
comunicação, celulares e tecnologia, a peça reflete sobre a condição
dos relacionamentos amorosos e joga com segurança na história de Orfeu.
No entanto, tudo isso é pano de fundo para algo mais profundo. A
montagem traz uma discussão sobre a posição dos centros das grandes
cidades como ícone de negócios e, principalmente, cultural. Orfeu se
apaixona por Eurídice, que mora do outro lado da estação de trem. A
força que impulsiona Orfeu deixa claro que é preciso mais que amor para
se transitar como cidadão no caos urbano. O amor, então, fere a rotina
do calmo vilarejo e seus moradores reivindicam que tudo volte ao normal.
A crítica aqui não parece ser, de forma alguma, da inverdade de que os
centros detém do “progresso cultural” e os moradores da periferia
precisam se deslocar para consumir cultura. O ponto relevante é como se
dá esse movimento. No caminho para essa ideia, o grupo aposta em canções
ao vivo, as letras parecem de autoria do coletivo e ao acompanhamento
de violão, tambores e pandeiros. Ressalto um investimento tanto na
execução dos instrumentos musicais e na voz. Representar em espaços
públicos conta com o imprevisto de sons que entopem a cena (ainda que
seja comum dialogar com o ambiente e aproveitar-se desses mesmos
“imprevistos”, a questão não é essa), me refiro intensificar os estudos
nos instrumentos e voz, afinação e execução. Por fim, perceber que
existe unidade na montagem e que o grupo se divertiu.
que
já era possível identificar: Eles não são da cidade. E é o que a
narrativa explora, uma releitura do mito de Orfeu em diálogo com a
dinâmica urbana de centro/periferia.
Por Leandro Nunes
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